Chiquinho Conde e os Mambas: Uma revolução no futebol em movimento
Desde que assumiu o comando da selecção moçambicana de futebol, Chiquinho Conde tornou-se a força motriz por trás do notável ressurgimento dos Mambas. Sua combinação de experiência, visão tática e forte liderança reacendeu a esperança no futebol moçambicano.
Segundo escreve a página oficial da Confederação Africana de Futebol (CAF), sob a liderança de Conde, Moçambique atingiu um novo nível de consistência e crença — destacado pela sua qualificação para duas finais consecutivas do CAN.
Os Mambas participaram da fase final da Costa do Marfim 2023, onde fizeram um bom desempenho contra algumas das melhores nações africanas, incluindo um empate a duas bolas com os recordistas Egipto e Gana, respectivamente.
Em entrevista exclusiva, Chiquinho Conde compartilha sua visão, estratégias e os desafios que enfrenta ao liderar Moçambique para uma nova era de ambição e orgulho.
Chiquinho Conde: Sim, retornamos a esta grande competição africana renovados, depois de uma campanha muito positiva. Estávamos em um grupo muito difícil, com equipas de ponta como Egipto, Gana e Cabo Verde. Embora tenhamos alcançado nosso melhor desempenho na AFCON, houve uma sensação agridoce de não avançar para a próxima fase. Agora enfrentamos outro grupo muito competitivo com os Camarões, Costa do Marfim e Gabão. Não será fácil, mas temos jogadores experientes competindo em grandes clubes europeus e na Liga dos Campeões, o que traz um nível de qualidade diferente ao nosso elenco. Nosso objectivo é claro: avançar para a próxima fase e continuar melhorando.
Equilibrar ataque e defesa é sempre um desafio. Como pretendem conciliar o talento ofensivo tradicional de Moçambique com a solidez defensiva necessária a este nível?
Esse equilíbrio é, de facto, um grande desafio. Temos pouco tempo para trabalhar com o plantel, mas, felizmente, estou neste grupo há cerca de quatro anos. Durante este período, desenvolvemos um modelo de jogo adequado às características dos nossos jogadores, sempre em adaptação e evolução. O futebol é dinâmico e alcançar um equilíbrio entre ataque e defesa é algo que todas as equipas procuram. Temos um princípio claro: marcar golos ganha jogos, mas defender bem ganha campeonatos. Vamos usar o nosso estágio para afinar aspectos técnicos e tácticos, melhorar a posse de bola, controlar os jogos e aprimorar a nossa abordagem pragmática. Sabemos que, por vezes, teremos de ser humildes, defender recuados e contra-atacar, mas também seremos ambiciosos e pressionaremos alto quando necessário. É um processo contínuo, mas estamos confiantes.
A classificação foi uma luta árdua. Que qualidades ajudaram os Mambas a garantir sua vaga?
A classificação veio com sacrifício, esforço, dedicação e comprometimento. Este é um grupo que está junto há vários anos e que cria uma forte união colectiva. Ajustamos nosso modelo de jogo sempre que necessário, enfrentamos desafios e momentos difíceis, mas nunca perdemos o foco no objectivo principal: a classificação. Não foi perfeito, mas com trabalho duro e união, alcançamos nossa missão.
Sempre há espaço para novos talentos. Quais jogadores jovens ou menos conhecidos que espera que surjam como peças-chave neste CAN?
A renovação é um processo constante, e vários jovens jogadores com grande potencial estão surgindo. Recentemente, no torneio COSAFA Sub-23, tivemos a oportunidade de observar muitos talentos em um ambiente competitivo. Esses tipos de torneios são cruciais para preparar jovens jogadores para a selecção principal. Muitos deles estão dando seus primeiros passos em clubes europeus, mesmo em divisões inferiores, e é importante respeitar seu processo de desenvolvimento. Com tempo e maturidade, eles podem se tornar jogadores-chave para a selecção nacional.
A adaptação táctica é crucial. Como você prepara seus jogadores para se adaptarem aos diferentes estilos de jogo que encontrarão na fase de grupos?
Construímos um modelo de jogo consistente que tem sido a base do nosso sucesso. No entanto, sempre adaptamos nossos sistemas tácticos aos jogadores disponíveis e aos desafios específicos de cada adversário. Estamos trabalhando em diferentes formações, como o 3-4-3 e o 4-4-2 em formato de losango, para sermos mais flexíveis. O mais importante é que os jogadores se sintam confortáveis em campo e interpretem a dinâmica táctica naturalmente. O futebol é dinâmico e nossa abordagem reflete esse princípio.
Experiências passadas também importam. Que lições você aprendeu com as participações anteriores de Moçambique na AFCON que gostaria de aplicar desta vez?
Cada partida e competição é uma oportunidade de aprendizado. Tanto na AFCON quanto na CHAN, aprendemos lições valiosas sobre como lidar com a pressão e prestar atenção aos detalhes que fazem a diferença. A experiência vem da competição, não apenas do treinamento. Cada partida que disputamos aumenta nosso conhecimento e nossa capacidade de ter um desempenho melhor na próxima vez.
Definindo sucesso — o que um torneio de sucesso significaria para os Mambas, na sua opinião?
Para mim, sucesso significa atingir nossos objectivos. No futebol, sempre temos que mirar mais alto. Um torneio de sucesso seria aquele em que atingimos nossos objectivos, seja avançando para a próxima fase ou elevando o nível geral de desempenho da equipa.
Impacto a longo prazo — como você acha que essa participação pode influenciar o futuro do futebol moçambicano?
O impacto já é visível. Nossa classificação reacendeu a esperança entre o povo moçambicano, que havia perdido a fé. Agora, os jovens jogadores estão mais motivados a representar a selecção nacional, e nossos jogadores ganham visibilidade para buscar melhores oportunidades no exterior. Esse ciclo de motivação, oportunidade e desenvolvimento técnico pode transformar nosso futebol nos próximos anos.
Fonte: O país.
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