Desmobilizados da Renamo criam comissão de gestão para assumir liderança do partido
Antigos guerrilheiros da Renamo acabam de anunciar a criação de uma Comissão de Gestão para assumir interinamente a liderança do partido, até à realização do aguardado Conselho Nacional. O objetivo declarado é preparar a substituição de Ossufo Momade, actual presidente daquela formação partidária, acusado pelos desmobilizados de nepotismo, má-gestão e inoperância.
Reunidos durante dois dias na cidade de Chimoio, os ex-combatentes da Renamo expressaram profunda insatisfação com a actual direcção do partido. Os ex-guerrilheiros da Renamo começam por apontar os pecados de Ossufo Momade.
“O partido exclui a maior parte dos membros. Então, há alguns, escolhidos a dedo, que devem representar o partido. Também há casos de muito compadrismo, muito nepotismo, muita arrogância, nas atitudes do presidente da Renamo. Muito recentemente, em vez de nomear pessoas que representam a Renamo, nomeou um seu filho para nos ir representar no diálogo nacional inclusivo, quando deviam ser pessoas que não são da sua família. Outrora, vimos, no Congresso da Renamo, realizado em Molocue, o presidente Ossufo indicou pessoas da sua família e amigos, com as respectivas esposas, para ocuparem a comissão nacional e para ocuparem a comissão política. Portanto, este é um acto de mero nepotismo”, acusou Edgar de Jesus Silva, porta-voz dos desmobilizados.
Estas e outras razões levaram os antigos guerrilheiros da Renamo a criar uma comissão de gestão, que deverá colocar a máquina partidária em funcionamento até que seja realizado o conselho nacional, que já vai um ano atrasado.
“Criamos uma comissão de gestão do partido, composta por três elementos: um em representação do norte, as quatro províncias que representam o centro e o terceiro que representa as três províncias que compõem o sul. A comissão vai durar o tempo que durar, não tem fim, tem apenas o princípio que é este (…) Vamos criar condições para que um conselho nacional seja realizado e indique uma data para um congresso extraordinário, onde pretendemos legitimar um presidente, por meio de votação”, disse o porta-voz.
Além das questões internas do partido, os antigos guerrilheiros também manifestaram descontentamento com os subsídios que recebem do Governo no âmbito do processo de desmobilização. Segundo os mesmos, os valores são considerados irrisórios e insuficientes até mesmo para cobrir os custos de uma cesta básica.
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