Rosário Fernandes defende cultura de transparênca de contas à ANAMOLA

 O antigo presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), Rosário Fernandes, diz que a principal fonte de receitas da Frelimo nunca residiu nas quotas dos seus filiados, e orientou a ANAMOLA a ser diferente, sobretudo em relação à prestação de contas e transparência. 

Numa carta endereçada ao partido emergente de Venâncio Mondlane, Rosário Fernandes disse que vale mil vezes obter contribuições populares em praça pública do que alcancá-las de forma oculta, fraudulenta e por troca de favores.

Conhecido pela sua verticalidade e pela marca de liderança que deixou na Autoridade Tributária, o economista Rosário Fernandes começa por manifestar apreço e vénia ao partido ANAMOLA, caracterizando-o como inovador e propulsor.

Na carta de três páginas, o antigo gestor contextualizou a sua tese fazendo comparação ao surgimento da Frelimo e outros movimentos africanos que surgiram como o que chamou de “prenúncio profético de mudanças”, mas encontra algumas diferenças entre estes e a ANAMOLA.

“ANAMOLA e seus heroicos precursores nunca precisaram de soluções armadas – nem gás lacrimogéneo, nem blindados – para alcançar, de direito, o Conselho de Estado. Precisou apenas de uma solução digital, de elevado potencial comunicativo em rede, com suas bases populares de apoio, dentro e fora do país, para lograr retumbantes sucessos, no panorama nacional e internacional”, lê-se na carta.

Diz ainda que, com essa solução mágica, o seu presidente interino alcançou, nas eleições de 9 de Outubro, resultados históricos que estremeceram a Frelimo.

“O presidente interino da ANAMOLA tornara-se o candidato presidencial mais votado nas urnas, embora validado e proclamado pelo Conselho Constitucional como o segundo mais votado, em veredicto solene e irrecorível.”

Com isto, entende que a Frelimo é principal adversário político da ANAMOLA e que pode facilmente alcançar o dobro de membros. 

“ANAMOLA pode facilmente alcançar o dobro, por ingressos massivos de seus seguidores ou migrações voluntárias de ora filiados em partidos concorrentes, incluindo a própria Frelimo, sendo uma questão estratégica de organização, comunicação, mobilização e marketing.”

O economista foi mais longe e apontou aspectos nos quais o partido emergente precisa de ser diferente da Frelimo, sobretudo no que toca às quotas e às contas.

“A principal fonte de receitas da Frelimo nunca residiu nas quotas dos seus filiados, mas na sua teia de investimentos empresariais, leais ou não, e outras fontes nunca reveladas, bem nunca publicamente auditadas. ANAMOLA precisa de fazer diferente e melhor, de forma decisiva e determinada, primando sempre as angariações, internas ou externas por avaliações periódicas, de stocks e saldos, e de prestação de contas, conquanto transparentes, voluntárias e de boa-fé, dos diferentes contribuintes.”

O economista refere ainda que “mais vale, mil vezes, obter contribuições populares em praça pública do que alcancá-las de forma oculta, fraudulenta e por troca de favores e compadrios de natureza vária, de índole vil, nojenta, ou criminal. Um gesto de boa vontade prima pelo seu valor ético, e não comercial”.

O político, que reconheceu a autenticidade da carta, disse ter abdicado da qualidade de membro da Frelimo desde 2024, de forma oficiosa, e que não pertence actualmente a nenhum partido, e nada o move a qualquer outro partido, por ora. Fonte Jornal O País.





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