Reino Unido pode já estar em guerra com a Rússia, avisa ex-diretora do MI5, que sabe de "várias coisas"
Eliza Manningham-Buller, que conheceu Vladimir Putin quando ainda dirigia a agência, em 2005, lembra como o Ocidente foi ingénuo na altura por pensar que a Rússia viria a ser "um parceiro"
O Reino Unido pode já estar em guerra com a Rússia, avisa Eliza Manningham-Buller, ex-diretora do MI5, serviço de segurança do Reino Unido.
O aviso foi feito durante uma entrevista para o podcast House of Lords (Câmara dos Lordes, a câmara alta do parlamento britânico), no qual Eliza Manningham-Buller, que esteve à frente do MI5 entre 2002 e 2007, considera que a relação com a Rússia mudou “desde a invasão da Ucrânia”.
Nos últimos três anos, a ex-diretora do MI5 diz ter conhecimento de “várias coisas” orquestradas pelos russos na Grã-Bretanha. “Sabotagem, recolha de informações, ataques a pessoas e assim por diante”, enumera.
Daí que concorde com as vozes que têm alertado que a Grã-Bretanha já está envolvida numa guerra com a Rússia, como é o caso de Fiona Hill, conselheira de defesa do Reino Unido, que avisou em junho que, tendo em conta “os envenenamentos, homicídios, operações de sabotagem, todos os tipos de ataques informáticos e operações de influência”, torna-se claro que “a Rússia está em guerra connosco [os britânicos].”
“Acredito que ela pode estar certa ao dizer que já estamos em guerra com a Rússia. É um tipo diferente de guerra, mas a hostilidade, os ataques informáticos, os ataques físicos e o trabalho de inteligência são amplos”, concorda Eliza Manningham-Buller.
A ex-diretora do MI5 trabalhou na agência durante 34 anos, tornando-se diretora-geral em 2002 antes de se reformar em 2007. Eliza Manningham-Buller recorda o dia em que conheceu Vladimir Putin pessoalmente, após a reunião do G8 em Gleneagles, na Escócia.
“Todos esperávamos que o passado da Rússia não prevalecesse e que, com o fim da União Soviética, o Ocidente tivesse um parceiro. E essa foi uma das razões pelas quais Putin esteve connosco no G8 em 2005”, explica.
A ex-diretora do MI5 reconhece agora como estavam “errados” em relação a Putin. “Nunca imaginei que, em menos de um ano, ele [o presidente russo] ordenaria o homicídio de Litvinenko nas ruas de Londres”, assinala, referindo-se ao dissidente russo Alexander Litvinenko, um ex-agente do FSB que foi morto em 2006, quase três semanas depois de beber chá envenenado com polónio-210 radioativo.
Antes de fugir da Rússia e receber a nacionalidade britânica, Litvinenko acusou Putin de corrupção. De acordo com a imprensa britânica, ao que tudo indica, Litvinenko foi envenenado durante uma reunião com dois espiões russos num hotel em Londres.
Fonte: CNN.
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